Maracujá – a nova aposta da produção nacional…


Nos últimos 2-3 anos, tem-se assistido a um aumento da área de cultivo de frutos exóticos em Portugal (abacate, manga, feijoa, lima, …). Entre eles, encontra-se o maracujá roxo (Passiflora edulis), um fruto subtropical que se adaptou bem às condições edafoclimáticas do nosso país – é tolerante ao frio (no máximo, entre 0ºC e -4 ºC) e à geada, preferindo locais com:
-  solos argilosos e pH ácido (entre os 6 e os 7,5);
- zonas de altitude;
- verões não muito quentes.

Fruto atrativo em vários sentidos… 

O maracujá é um fruto arredondado (com peso médio entre os 60 e os 150 gr), que apresenta uma casca grossa de cor arroxeada quando maduro, caracterizado por ter maior percentagem de açúcares e maior teor de sólidos solúveis (brix) que lhe confere um sabor mais doce, pode ter ainda maior ou menor acidez de acordo com a variedade. 

Sendo consumido essencialmente em fresco, isto permite ao agricultor:
  • negociar um melhor preço de mercado (que pode variar entre os 5€ e os 10€/kg);
  • maior facilidade de escoamento, sem ter que recorrer a grandes investimentos, quer no armazenamento quer na questão de frio.

Embora a região autónoma da Madeira lidere a produção nacional, já existem pomares explorados a nível industrial no Algarve e no Vimeiro, existe uma plantação em plena produção em abrigo (cerca de 1000 m2 em estufa). Também na região de Braga e Viana do Castelo se fizeram ensaios para esta espécie frutícola. Em Sever do Vouga (até agora a “capital do mirtilo”), foram feitas as primeiras plantações de maracujazeiros em 2014, estando prevista uma área de instalação que rondará os 40 ha e cuja produção média estará entre as 10 a 15 ton/ha.

Mas as produções podem ser mais elevadas (até cerca de 30 ton/ha), se forem usadas variedades melhoradas de origem brasileira ou australiana. 

Atenção… às principais pragas e doenças!

Por ser uma cultura recente em Portugal, o maracujazeiro não regista grandes ameaças.  Além disso, sendo uma planta com um ciclo produtivo de cerca de 3 anos, exige não só a necessidade de renovação de plantas como também um conveniente planeamento de rotação de culturas, p. ex: de 6 em 6 anos (com amoras), para evitar o aparecimento de doenças.

Um dos aspetos que pode causar maior preocupação para já, tem a ver com a polinização, pelo facto de a flor só estar recetiva apenas durante um dia e exigir a presença de elevado número de abelhões (Bombus spp.). Assim, aconselha-se a que a presença destes insetos seja reforçada na plantação, com a instalação de colmeias. Caso seja necessário, e para que se possa atingir o máximo potencial produtivo, pode-se recorrer à polinização manual.
É de salientar que a abelha doméstica (Apis melífera), pode ser um problema para a polinização em caso de falta de abelhões, pois além de não realizar esta tarefa “rouba” grande quantidade de pólen.

Noutros países, onde o cultivo já é bastante intensivo, as pragas mais comuns são:

Pulgões
Pequenos insetos, que são os responsáveis pela transmissão de uma doença conhecida como o vírus do endurecimento dos frutos do maracujazeiro. As plantas que apresentarem os sintomas desta virose devem ser arrancadas imediatamente.
Existem algumas espécies que são atrativas e servem de plantas hospedeiras aos pulgões, como p. ex: o pepino, a melancia, a abóbora, o melão, a ervilha e o tomate, pelo que o seu cultivo deve ser evitado nas imediações do pomar.

Percevejos
Esses insetos sugam a seiva de todas as partes da planta, resultando na queda de botões florais e de frutos novos, além de levarem ao emurchecimento de frutos mais desenvolvidos. O controlo desta praga deve ser feito inicialmente por métodos culturais: roçar as infestantes no pomar, eliminar as ervas hospedeiras. Se mesmo assim a praga persistir, deve-se passar ao controlo químico, por meio de pulverizações.

Lagartas
As lagartas atacam o pomar no período seco do ano, que vai de junho a agosto, principalmente as folhas novas. Em plantas jovens, os prejuízos podem ser ainda maiores, pois as lagartas podem causar desfolha total, levando as plantas à morte, em casos de ataques sucessivos. O controle deve ser feito por meio de pulverizações com inseticidas.

Quanto às doenças, elas podem ser causadas por fungos, vírus e bactérias, essencialmente. Mas a intensidade dos danos dependerá das condições climáticas e culturais. As principais são estas:

Tombamento
Este sinal de que algo não está bem com a cultura, é causado por fungos e caracteriza-se por uma lesão entre as raízes e o caule da planta, que acaba por provocar o tombamento e a morte da mesma. O aparecimento da doença é favorecido pelo excesso de água na sementeira, excesso de sombreamento e o uso do solo já contaminado. Para o controlo, indica-se fazer as sementeiras de forma correta.  

Antracnose
Esta doença ataca normalmente quando a temperatura e a humidade do ar são altas. É uma doença causada por fungos e o seu ataque pode ser percebido quando surgem manchas circulares relativamente grandes, com aspeto aquoso, localizadas na zona foliar. Como consequência da doença, ocorre uma intensa desfolha da planta e os ramos ficam com manchas descoloridas.

Verrugose
É causada por fungos que atacam as folhas, os ramos e os frutos do maracujazeiro. A doença tem maior incidência em períodos de temperaturas amenas. Causa manchas circulares nas folhas, principalmente nas mais novas, que depois sofrem necrose e caem. Os ramos, as gavinhas e os frutos apresentam lesões circulares, translúcidas, que depois se cobrem de tecido corticoso, áspero e saliente, de cor parda, com aspeto de “verrugas”.

Tem dúvidas sobre como identificar pragas e doenças no geral?
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Fontes:
https://goo.gl/veNHrI
https://goo.gl/RpzL6l
https://goo.gl/Sd1iLg


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