Se não estivermos a pensar em culturas
hidropónicas, o solo é o elemento base da agricultura.
Por isso mesmo, é ao solo que se confia a
tarefa de nutrir as plantas e de dosear os diferentes minerais necessários a um
crescimento saudável e equilibrado.
Assim, é importante conhecer a natureza do solo,
para que se possa melhorar a sua produtividade e corrigir os seus defeitos, de
modo que as culturas se possam desenvolver corretamente.
A forma mais segura para se obter esta
informação é fazendo uma análise de terra cujo relatório deve conter no mínimo:
- as proporções de argila, limo e areia (textura do solo)
- a taxa de calcário total
- a taxa de matéria orgânica (húmus)
- o pH (medida da acidez do solo)
- as taxas de fósforo, potássio e magnésio assimiláveis.
Como
colher uma amostra de solo?
É simples! Siga as instruções presentes na
imagem e depois é só enviar para o laboratório que lhe dê melhores garantias de
prestação de serviço.
Mas, mesmo sem recorrer a uma análise, pode
saber muito da realidade do solo da sua exploração.
Como? Ora veja:
- observando o solo – a cor, o toque, a sonoridade, …
- consultando uma carta geológica de escala 1:25.000 – que lhe dá informação sobre a natureza do solo
- observando a flora espontânea da horta e arredores – existem plantas indicadoras que estão mais ou menos presentes em determinados tipos de solo
- observando o comportamento das culturas – estão viçosas, têm muitas folhas, frutos, estão murchas, etc.
Também existe um teste muito simples, que pode
efetuar, para saber com que tipo de solo está a trabalhar.
No quadro seguinte, confira a explicação sobre
o que fazer e como para chegar a alguma conclusão.
Pode o solo influenciar a resistência das plantas?
A capacidade de uma cultura agrícola resistir ou
tolerar pragas e doenças está muito associada às propriedades físicas, químicas
e, mais particularmente, biológicas do solo. Práticas agrícolas que causem
instabilidade nutricional podem reduzir a resistência das plantas. Por outro
lado, solos com elevados teores de matéria orgânica e alta atividade biológica apresentam
boa fertilidade, bem como complexas redes tróficas e organismos benéficos que
previnem os ataques e as infeções.
Esta situação é bem evidente quando falamos de
agricultura em Modo de Produção Biológico (MPB), dado que práticas culturais
como:
- o uso de rotações de culturas
- a preservação de insetos auxiliares benéficos (pela ausência de utilização de produtos químicos de síntese)
- o incremento natural da fertilidade do solo
são fatores que têm impacto substancial na dinâmica
de pragas e doenças das plantas.
Estudos realizados por cientistas do USDA
(Beltsville Agricultural Research Center in Maryland) em cultura de tomate – 1) cultivo
em MPB com solo coberto com residuos de ervilhaca (Vicia villosa) vs 2) cultivo
em modo convencional com solo coberto com plástico preto de polietileno,
permitiram em comparação constatar que, no caso 1):
- houve uma melhor utilização e mobilização de C e N;
- notou-se um atraso da senescência das folhas;
- a erosão do solo e a perda de nutrientes foi mínima;
- houve um aumento da infiltração de água e menos perdas por escoamento;
- houve uma interação “natural” entre praga e predador;
- o que ajudou a promover a defesa contra doenças e fez aumentar a longevidade das culturas.
O lema é: solo saudável,
plantas saudáveis!
Caso surjam algumas pragas e doenças,
descarregue já aplicação OpenPD de
forma gratuita em https://goo.gl/O2Nw5G para o(a)
apoiar na identificação.
Se tiver alguma dúvida, outros agricultores,
técnicos e até académicos podem ajudá-lo com algumas informações/dicas
importantes.
Fontes:
“Guia
verde das hortas e jardins”; Deco Proteste, 1ª Edição (1999)
Controle
biológico de pragas através de manejo de agroecossistemas; M. Altieri, C.
Nicholls e L. Ponti (2007)