Em
Portugal, existem mais de duzentas espécies de aves, mas
não chega à dezena, o número das que causam verdadeiros problemas à agricultura
portuguesa. Todas as restantes são úteis ao agricultor…
Sabia
que?
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De
todas as aves que são úteis ao agricultor, apresentam-se apenas algumas:
- por terem uma distribuição mais ou menos generalizada no país;
- por serem mais frequentes no agro-ecossistema;
- por representarem um género dentro da espécie.
Figura
1 – Águia-de-asa-redonda e mocho-galego
Nome
vulgar
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Nome
científico
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Descrição
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Habitat
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Atividade
auxiliar
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Como
os manter na horta
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Águia-de-asa-redonda
(Fig. 1)
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Buteo
buteo
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Ave de rapina, cujas asas têm pontas em forma
de “dedos” e bico poderoso. Tem um comprimento entre 43 e 50cm e uma
envergadura de asas de 100 a 125 cm.
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Comum em florestas e bosques, na proximidade
de terrenos arados.
Caça em todos os tipos de meios (abertos ou
semi-abertos) desde que tenha uma zona de poleiro (árvore grande, poste
elétrico, cerca, …).
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É uma predadora oportunista, que captura as
presas mais abundantes ou mais fáceis de apanhar.
Pode caçar ratos, insetos, lesmas, …
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Manter mosaicos de vegetação espontânea
(carvalhos, soutos, …).
Fazer a instalação de poleiros artificiais
(com 3 a 4 m altura) nas proximidades de terrenos cultivados ou em pousio.
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Mocho-galego
(Fig.
1)
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Athene
noctua
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Tem um comprimento de cerca de 23cm. É uma
das rapinas mais comuns em Portugal.
Mais ativo ao fim da tarde, altura em que
inicia a sua atividade predadora.
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Aparece em soutos, olivais e pomares de
macieira.
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Alimenta-se de insetos de diversas ordens e
pequenos mamíferos, podendo também comer caracóis.
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Manter árvores velhas e zonas edificadas e em
ruínas.
Manter muros com cavidades.
Preservação de sebes que incluam árvores que
servem de poleiro.
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Pato-real
(Fig.
2)
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Anas
platyrhynchos
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É o mais comum e maior dos patos, com um
comprimento de 56cm. O macho apresenta cabeça verde.
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Frequenta arrozais, bem como os canais e rios,
junto a campos de milho.
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Alimenta-se de vegetais (algumas infestantes)
e de animais vários.
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Manter os talhões de arroz inundados, após a
colheita.
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Poupa
(Fig.
2)
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Upupa
epops
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Tem asas arredondadas, com penas pretas e
brancas assim com na cauda. Pode atingir cerca de 28cm de comprimento.
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Prefere zonas de pomares e hortas, pousios e
pastos próximos de bsoques.
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Alimenta-se habitualmente no solo, caminhando
lentamente à procura de gafanhotos, grilos, escaravelhos, roscas brancas e pequenos
moluscos.
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Manter mosaicos de vegetação com árvores
velhas (por terem troncos ocos).
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Pica-pau-verde
(Fig.
2)
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Picus
viridis
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Apresenta o dorso verde amarelado, com nódoas
vermelhas na parte superior, faces negras, peito vermelho-acinzentado, ventre
amarelo, asas verdes negras e brancas e cauda pardacenta com estrias
transversais verde-azeitona.
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Aparece em pomares enrelvados, vinhas,
florestas em torno de pastagens, choupais, …
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Grande predador de larvas do bichado-da-
fruta (Cydia pomonella), da broca da macieira e pereira (Zeuzera pyrina) e das
brocas-do-milho (Ostrinia nubilalis
e Sesamia nonagrioides).
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Manter árvores idosas.
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Melro-preto
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Turdus
merula
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O macho é inconfundível pela plumagem preto
azeviche e o bico amarelo; a fêmea apresenta plumagem castanha. Tem cerca de
24cm.
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Frequenta jardins, hortas, estufas e pomares
de macieiras, pereiras, citrinos, avelaneiras e vinhas. Nas ilhas aparece em
pomares de maracujaleiros e anoneiras, bem como em bananais.
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Alimenta-se de saltões, gafanhotos,
cigarrinhas, cochonilhas entre outros insetos e de caracóis e lesmas.
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Manter sebes nas bordaduras dos campos
agrícolas.
Manter árvores ou arbustos dispersos quando
os campos têm grandes extensões.
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Chapim-real
Chapim-azul
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Parus
major
Parus
caeruleus
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Pequenas aves de bico curto e muito ágeis.
O chapim-real possui cerca de 14cm e o chapim-azul
cerca de 12cm.
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Frequenta pomares de macieira, pereira ou
cerejeira, vinhedos, olivais e quintais ou pequenas hortas. São das aves que
melhor se instalam em ninhos artificiais.
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Consomem muitos pragas nocivas às culturas
como: bichado-da-fruta, mineiras-de-folhas, pulgão-lanígero nas macieiras e
traça-da-uva.
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Manter árvores com cavidades.
Instalação de ninhos artificiais.
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Toutinegra-de-cabeça-negra
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Sylvia
melanocephala
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Distingue-se pelo seu capuz seu capuz preto azeviche com
um anel orbital avermelhado.
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Aparece em sebes com silvados, olivais,
taludes, terrenos em pousio e bosques de baixa altura.
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Atua como excelente predador de 3 grandes
pragas da oliveira: cochonilha-negra, traça e mosca-da-azeitona. Mas
alimenta-se também de outros insetos e de moluscos.
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Manter sebes com silvas e sabugueiro.
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Figura
2 – Pato-real, poupa e pica-pau-verde
Mas a aves, além de insetos e outros animais
também necessitam de alimentos vegetais como bagas, frutos, grãos e locais de
abrigo, refúgio, pernoita, poleiros de onde pesquisam as suas presas e sítios
para nidificar.
É
importante manter, recuperar ou instalar, as designadas infraestruturas
ecológicas para as aves auxiliares.
E estas infraestruturas podem ser de diversos
tipos (Fig. 3):
- mosaicos de vegetação espontânea
- sebes e cortinas de abrigo
- árvores idosas com cavidades
- árvores de grande porte
- muros de pedra solta
- faixas incultas
- construções rurais
- montes de lenha
- presas, charcas e tanques
- ninhos artificiais.
Figura
3 – Diversas infraestruturas ecológicas
Se tiver dúvidas quanto às pragas e doenças que
atacam as suas culturas, para melhor poder adequar as aves à sua exploração,
consulte a app para telemóveis OpenPD,
que pode descarregar de forma gratuita em https://goo.gl/8Sl77J.
Fonte:
As bases
da Agricultura Biológica; Tomo I – Produção Vegetal; Jorge Ferreira
(Coordenador); Edibio, Edições Lda. (2009)
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