Numa espécie de “premonição”,
Albert Einstein, exercitou o pensamento de como seria um mundo sem abelhas, e
sintetizou-o na seguinte frase:
“Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá
apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há
reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça
humana.”
Assustador, não é?
A verdade, é que nos últimos anos, tem-se
notado um declínio cada vez maior dos polinizadores, sendo as abelhas (Apis mellifera), o insecto mais
importante neste papel.
Apesar dos estudos feitos pela comunidade
científica, que apelidou este desaparecimento como “Desordem do Colapso das
Colónias ou Colony Collapse Disorder (CCD)”, até agora não se encontrou uma razão única,
estando certos no entanto, que há várias causas que têm contribuído para esta
situação e comprovadamente, com grande interdependência entre elas.
Pesticidas
Existe uma classe
de pesticidas sistémicos de última geração – os neonicotinóides, que
embora tenham pouca expressão em Portugal, são bastante usados na agricultura
intensiva em todo o mundo, nomeadamente na União Europeia, onde o seu uso a
partir de 2013, foi restringido a três variantes: clotianidina, imidacloprid e tiametoxam.
Estas
restrições foram baseadas numa série de avaliações da Autoridade Europeia para
a Segurança dos Alimentos (EFSA), segundo as quais, estes pesticidas são
prejudiciais para as abelhas.
Como atuam?
Os neonicotinóides são maioritariamente usados em sementes, sendo
absorvidos pela planta quer através das raízes quer das folhas e depois distribuídos
pelo sistema vascular por toda a planta, atingindo, o pólen e o néctar das
flores.
Ao visitarem as flores, as abelhas são contaminadas com o pesticida, que
atua no seu sistema nervoso central, interferindo com a transmissão de
estímulos. As abelhas ficam assim desorientadas, o que as impede de voltar às colmeias,
além disso, diminui a resistência a doenças bem como a fertilidade.
Desflorestamento, queimadas e fogos
Nas zonas de
florestas extensas, como a Amazónia, o desflorestamento tem sido um grave
problema, dado que a procura por novas áreas para a expansão das atividades
agrícolas e pecuária se tem intensificado.
Além do prejuízo
ambiental causado, com forte impacto no clima e nos biomas, os danos para os
polinizadores também são grandes:
- ao serem derrubadas e queimadas árvores, os ninhos e enxames de abelhas são completamente destruídos;
- a desflorestação causa a redução da oferta de alimentos às abelhas, e também a redução de áreas de nidificação (se não houver zona específica de colmeias).
Em Portugal, tem-se verificado devido aos
fogos, o desaparecimento de muitas colmeias que estão colocadas em áreas
florestais, o que tem acarretado graves prejuízos, não só para os apicultores (dado
que a produção de mel de eucalipto, urze, multifloral, rosmaninho, ... se reduz
substancialmente) mas também para o meio ambiente, pelo desaparecimento destes
polinizadores.
Pragas
naturais, doenças e vírus
A varroa (Varroa destructor)
é a praga que mais afeta as abelhas. Trata-se de um ácaro ectoparasita que ataca os
insetos do género Apis nas suas
diversos fases (pupas, larvas e indivíduos adultos), levando-os à morte, uma
vez que se alimenta dos seus fluídos corporais.
Além disso, a varroa
é um veículo de propagação de vírus fatais:
- iflavirus DWV - afeta a morfologia das asas das abelhas, que se apresentam deformadas, o que as impede de voar e sair da colmeia para procurar alimento;
- IAPV - age ao nível do sistema nervoso da abelha, causando a sua paralisia. É muito temido por ser altamente adaptável e capaz de contaminar rapidamente uma colmeia, e até mesmo, impregnar-se na geleia real.
A vespa-asiática (Vespa velutina) é uma praga recente no nosso país, e apesar
de não ser fonte de transmissão de nenhuma doença das abelhas, é essencialmente
predadora de outras vespas e de abelhas. Nesse sentido, contribuiu de forma
progressiva para o declínio desta população uma vez que que ataca as colmeias
(principalmente no verão) e exerce predação
direta sobre as abelhas.
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